domingo, 28 de setembro de 2014

não sorrio
sou
r
.i
..o


(Escrito originalmente em 16 de março de 2014)
Importe-se
Ou
exporte-se.


(Escrito originalmente em 28 de março de 2014)
Meu presente é o silêncio.
Eco das paredes,
Radar de morcego,
Grafite borrado,
Rabisco frio.
Meu presente é o silêncio.

(Escrito originalmente em 24 de abril de 2014)

Meu silêncio é só meu.
Ainda pinto as unhas de amor.
Rabisco minhas linhas
Tortas
(com cores agora).
Preencho mandalas
E alumio por dentro.
Meu lampião sou eu.
Sou eu também tua cria
Tua filha e tua mulher.
A memória do teu rosto
Nos teus detalhes meus.
Cada raíz de tuas linhas
Pintadas em mim
Por dentro
Por inteiro.
Meu túnel é você.
Nossos caminhos
Nossos
Cuidado com os buracos
E olhamos em frente.
Estamos à frente
Nossa luz somos nós.
(Para Leandro)

(Escrito originalmente em 3 de setembro de 2014)
C
Greve de vinho
Greve da tinta desenhada entre meus dedos
Greve de vim
Greve de ti
Greve etílica em seus percalços poéticos
Greve de rua
Greve da tua
Greve de mim.

(Escrito originalmente em 6 de setembro de 2014)
Sandra usava saias longas e cabelos curtos.
Certo dia, Sandra encarou-se no espelho. Seu rosto derretia como sorvetes de casquinha em dias de verão. Sandra podia sentir seu rosto escorrer para dentro de seu peito, e suas costas sentiam o leve peso do mundo todo.
Sandra escorria.
Vinte e dois anos, cada um deles gotejava ardendo. Era a vida girando rapidamente em volta do ralo. O tiro era desnecessário. Só espirraria bagunça.
A vida em volta do ralo, a vida em volta do ralo...
Sandra acabou por engolir-se.

(Escrito originalmente em 23 de setembro de 2014)

Sobre a solidão

O silêncio.
Espaço vão, vago, vadio. Nó no peito, engasgado. Não sai, não entra, não fica, não vai.

O silêncio guardado.
Vide o vermelho nos quadros, nos quartos. Um som oco. Um poço raso.

A espera pelo beijo de outros beijos. O romance-ilusão. Desilusão. A espera.

A espera, a espera, a espera...

O silêncio mudo
muda nada.