quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Hilda e O Dia


            Hilda coleciona dissabores saboreando cada olhar tomado para si. Explode em forma o silêncio ignorado pelos que a observam. Hilda desfila sonhos e desejos recuados, logo feitos delírios de sua cabeça turva por dentro, clara por fora.
            A mulher esqueceu-se de como chorar, já que as águas secam, e seca também, e ainda mais, o que resta de vida dentro de si. E o sorriso, já escasso, revela-se para não atrair mais olhares de quem a cerca. Entretanto, a mágoa afoga seu peito coberto pelo nevoeiro de quem não quer ver.
            Mas o dia acabou.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

-

No festejar dos beijos teus,
As feridas costuradas em pontos.
Segue a tua estrada dentro do meu peito.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Hilda e A Noite

            Hilda deitava-se tranquilamente. Com o movimento, a barra de sua camisola flutuava e caía levemente, como uma pluma. Esticava-se, deitada mesmo, para deixar o livro, os óculos e a calma na cabeceira. O troféu sereno que carregava durante o dia se afastava na mesma hora que o sono deveria chegar.
Porém, quando as luzes se apagavam e o silêncio reinava para que a mente descansasse, era aí que a desgraçada arrediava-se. Hilda pensava em verde, roxo e amarelo, em triângulo, quadrado e círculo, em ódio, orgulho e amor. O coração não batia – metralhava no peito! Doía! Queria chorar, rir e observar, tudo ao mesmo tempo.
Quando o tambor descontrolado reduzia o ritmo, Hilda finalmente adormecia. Aliviava-se dos males pré-inconscientes de uma vez por todas. Entretanto, os sonhos eram de uma violência tão dura que era melhor mesmo não ter tentado dormir, como qualquer mortal faria. Pobre Hilda, que sentia na alma as dores que os sonhos lhe causavam! Acordava como quem havia entupido as veias de álcool no dia interior, com a cabeça explodindo sentimentos que o coração não agüentava só.
            E então, Hilda levantava, esticava os braços como quem quer esticar a vida e seguia para sua serenidade habitual de mentira.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Vagalume - Parte II

Alma de manteiga,
expulsa o demônio
e abre suas asas
para um vôo alto e gracioso.

Não há nada errado
em suas luzes bonitas.
Elas podem brilhar verdes
e seguir sentido às estrelas.

Não deixe que o vento te sopre para baixo!
Afinal, um vento tão bom 
só tem o poder de soprá-lo para o alto!

Sim à tua superação
de cada dia,
de um novo coração!

Nas Alturas

O princípio é: a ausência de risos e sorrisos não há! Da boneca-menina (cabeça colada de tão dura!) até a beleza das batalhas. Mas vamos ser leves...

Falar sobre qualquer banalidade é tão importante quanto fatos decisivos. E, então os nós da minha cabeça se desfazem, e dão lugar aos seus laços. Afinal, os reais campeonatos ganhos são os daqui, do coração.

E a graça aparece até nos meus sonhos agitados, em rolar para todos os lados e falar um idioma de só um! A graça está por todos os lugares e, quando não está, a inventamos!

O principal é: a ausência de risos e sorrisos, ao seu lado, nunca houve e jamais haverá!

Para Dani

sábado, 4 de dezembro de 2010

Ponto de Luz

Só neste apagão
À luz destas poucas velas brancas,
Os poucos pontos de iluminação
Voam verdes.

Compartilham com as estrelas e comigo
Sua graça,e leveza
De um rumo sem nenhum perigo.

O vagalume que se vai
Deixou por aqui sua serenidade
Nos gestos de um pai
E em toda a sua musicalidade.

Seu vivo verde chega a piscar,
Mas não apaga;
Alumia a vida de quem passa
E sorri à quem fica.

Não há porquê ter medo, não
Enterram-se aqui os tempos de escuridão.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

(Cinco) Dias de Sol

Ah, meu Rio de Janeiro!
Prefiro teu ensolarado calor
A um céu cinza-cinzeiro.

Teu sol que afoga-me os poros,
Teu humor leve de maresia,
Tuas belezas extraordinárias!

Ah, Rio querido,
Não leve de mim essa alegria,
Essa graça que dá a tudo
Abstrato ou concreto.

"Deixe-me concentrar na alegria
É na alegria que eu quero me concentrar..."

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Paraíso

Acredito que no nosso Paraíso vai ter
Tudo que podemos querer:
De louça lavada e Fluminense
A sexo e o meu Lê.

E o que é que se leva daqui?
O que é que pode ficar?
Nos poetas, se vai toda a essência
Ou as linhas escritas vão se eternizar?


O meu céu é o que construo
Hoje, com meus pés no chão.
A magia que vivo é doce,
Nem tudo precisa ter gosto de limão.


Voar, já vôo quando estendo minha mão
Ao meu anjo e ao amor que me traz.
E não há mais nada o que temer, então.

Acredito que o meu Paraíso aqui tem
Muito amor e calor
E poesia e boemia
E alegria! E alegria!

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Moptop, Jay e Maysa

Ando pensando se é justo ganhar dinheiro com o que se ama. Seria justo, então, receber por algo que não gosto e não sei fazer?
Faz tempo que já não sei mais o que é justo ou injusto. Talvez tudo compartilhe dos dois conceitos. E a música grita no meu ouvido: "Aonde quer chegar?".
Não sei.
Nunca cheguei a lugar nenhum de minha vida que comecei a trilhar. Nunca tive certeza de nada... Por isso mesmo não devo ser muito certa. A certeza não deve ser para mim. Nem sei se lamento ou sorrio por quem a possui.
Li na prova (oficial) mais importante da minha vida que as pessoas não são felizes porque não suportam incertezas. E sabe que me vi dentro dessas pessoas?
Pensei por uma semana inteira sobre isso. Não sou de aceitar fórmulas, mas não é que tenho me sentido mais feliz depois que realizei que a certeza é muito tediosa?
"Por que ainda insiste?"
Se deixar de insistir, desisto de vez. E não quero me tornar mais uma pessoa ordinária em seus trabalhos automáticos e vidas previsíveis. Nunca desisti de ser feliz. Não quero desistir de escrever, de inventar músicas, de me reinventar. Sempre quis ser diferente. Talvez eu seja pretensiosa. Acho ser igual tão triste, tão robótico...
Quero sentir-me feliz, como há algum tempo vinha sendo. Como há dias tenho voltado a ser. "Insisto, resisto, invisto no jogo".
"Estás perdendo el tiempo pensando, pensando..."

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Incendeia

O desejo por mim mesma consome
E a libido inicia a delirante viagem
De minha pele rente a sua
Pelo encaixe perfeito das ancas
E minhas mãos trazendo-o ainda mais
Para mim.

E já no meio da jornada
Recheada de risos, sorrisos e lábios mordidos
É percebida a falta do segundo
Para que o virtual evolua a uma realidade
Intensa e única.
Quilômetros Injustos!
Cama Pequena!

Pensa em mim, branco
Pois meus pensamentos já beiram devaneios
E tua miragem
No fim do mês
Transformar-se-á
Em nossa
Doce
Loucura
.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Re-Canto

Escuto ao meu próprio coração
Ao descansar minha cabeça
Sob o peito seu.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Arcadismo


            A história humana através dos séculos e seus períodos é tristonhamente hilária. Enquanto estudava algumas das minhas folhas antigas de Literatura, me veio na cabeça – como um flash – toda a linha do tempo decadente e imbecil que foi construída desde a Antiguidade.
            Na Era da Filosofia e Ciência, pois foi realmente quando estas nasceram, as pessoas eram livres para pensar e criar o que quisessem, sem censura de qualquer coisa que fosse. E ainda lembro de um professor de física que tive, que dizia que na Grécia, os pensadores pensavam porque não tinham nada o que fazer. A tolice dele é tão graciosa que, indiretamente, disse que aprendeu e ensina nada – já que os primeiros professores eram estes gregos desocupados.
            Eis que a Idade Média chega, com todo o seu Cristianismo, vassalos e Senhores Feudais criando igrejas e dizendo que eram enviados por Deus. Afinal, de que outra maneira o povo lhe deveria obediência? E foi exatamente aí que o homem começou a falhar: quando religião interferiu na sua capacidade de pensar. E a Era Medieval dura até hoje! Nem sei dizer se é de forma mais branda, pois as pessoas sabem de tudo o que aconteceu e, mesmo assim, repetem a obediência ao discurso de algum “enviado” que diz: “quem faz o que quero, segue para o paraíso; quem desobedece, queima no inferno”. E o que é mesmo céu e inferno?
            O Iluminismo e sua Árcade buscavam o desligamento da religião para respostas mais cabíveis que simples palavras que alguém disse para conseguir escravos de forma fácil. E apostaram, finalmente, na idéia do “Carpe diem”. Afinal, ninguém escolhe a hora de morrer. Porém, não basta uns poucos acreditarem nessa idéia enquanto uns muitos continuam a marchar ovelhamente em busca de um céu inventado pelos homens, de um Deus e um diabo criados exclusivamente para manipulação de um povo, que hoje  usa como fuga, como uma maneira automática de livrar-se de responsabilidades. Um belo exemplo são os nossos queridos traficantes assassinos que, logo que entram para a cadeia, penteiam o cabelo, vestem roupas sociais que lhes tampam todo o corpo e aparecem com uma bíblia na mão. Deus curou! Aleluia! Aleluia, Senhor!
            Prefiro melindrar-me dessa Linha do Tempo fatídica a ter que ser curada por alguém para poder fazer tudo aquilo que quero e que não quero. Sou guiada por mim, sou minha pastora e minha ovelha, e assim que todos deviam ser. Pode parecer muita pretensão – e é – mas é exatamente como eu acredito que a humanidade deveria seguir.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Lacuna

Uma lacuna no tempo
faz os segundos parecerem
um milênio.

Com meu anjo amado,
as lacunas se preenchem tão rápido
quanto o Sol recém-nascido.

O que sobra agora em minuto,
falta ao seu lado.
Injusto!

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

A Vida é Uma Festa!


            Do dia 11 para o dia 12 de outubro, choveu, trovejou, relampejou e nasceu bonito o Sol, cercado de um azul bem forte e puro. Um dia perfeito para se fazer uma bagunça na praia, um churrasco ou simplesmente para juntar os amigos para uma (umas, na verdade) Itaipava bem gelada. Um feriado – um ótimo dia para uma festa!
            A vida é mesmo uma festa! E mesmo que não se tenha uma propriamente dita para ir, inventamos uma! É possível até a idéia de invadir a vida alheia para transforma-la numa comemoração sem fim. E nada como regar essa celebração toda com um bom vinho do amor... Afinal, é mesmo o amor que move a alegria. Amor pelos amigos, pela família, pela bagunça, pelo sorriso. E o amor - esse nunca morre. Uma vez colocado dentro do peito, permanecerá ali para sempre!
            É bom viajar! Ficar muito tempo num só lugar gera um tédio... É preciso movimento! E nesse carnaval da vida, isso foi só um bloco que passou. A viagem para o próximo bloco. E quando eu também chegar ao próximo bloco, sei que vai haver um sorriso me esperando de braços abertos, com Absolut numa mão, um maço de Carlton no bolso e uma festa infinita. Como sempre. Pena que cedo para mim foi o bastante, por algum motivo. Te amo!

Para Vargas, da sua eterna Toelho

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Volver

Eis que os sonhos não chegam
E os fantasmas explodem na TV
Para espantar o pouco sono que chegava cedo.

A Cinderella não sente muito medo
Ao perceber que contos de fada não são só o que se lê
E que as histórias não se anulam.

A tela explica que fantasmas existem quando neles acreditam.
Aparecem muito quando se coloca bastante a beber
E lá se foi o sono perdido...

Acorda e volta a dormir como um pedido,
Amanhece vendo o que pode e não pode entender
E percebe que é mais gostoso viver quando relaxam.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Pedra

Faltam livros para ler,
Palavras para digerir,
Informações para compartilhar...
Viver nessa Terra de Ninguém é complicado.

Quando a cabeça é de Pedra,
Difícil é saber o que dizer.
Preferi calar-me a viver no único estúdio conhecido.
Afinal, é engraçado como estúdios fazem
As mentiras parecerem bonitas.

E fugir do óbvio é tão insano
Quanto gostar da obviedade.

sábado, 11 de setembro de 2010

Morada das Palavras em Silêncio

            O dia começava tímido. O céu, de um azul puro e sol forte, não combinava com o frio que fazia. Logo se foi percebido que o dia seria construído de incansáveis e distintas leituras. Pena que não havia o silêncio necessário para tal missão...
            Há uns anos atrás, havia um pequeno apartamento onde podia-se encontrar um banheiro, uma varanda e um cômodo, onde estavam enfileirados em uma estante vários livros e, mais a frente, uma cadeira verde-musgo, grande, cheia de furos. E balançava, ainda que lhe faltasse uma perna de apoio. Este apartamento era o lugar sagrado dos sábados e domingos, especialmente sábados. E sábados frios e chuvosos. Na falta de alguma companhia humana, a comunicação com os livros era intensa. Podia-se terminar um, dois ou até mesmo três livros em um só dia. De forma alguma a solidão era sentida. Na verdade, talvez não houvesse companhia melhor naquela época. A introspecção era necessária, e deve ser necessária até hoje. Nunca deve deixar de ser, apesar da descoberta de outras necessidades, e desejos.
            A manhã mal nascia e o apartamento já se enchia da presença de uma só pessoa e seus livros que, uma vez escolhidos, eram retirados da estante e empilhados ao lado da grande cadeira. Por vezes, a cadeira era forrada com uma espécie de coberta para espantar o frio. A manhã tornava-se tarde, a tarde tornava-se noite... Quando a noite quase virava madrugada, os livros eram devolvidos à estante e a porta era trancada. O apartamento finalmente ficava vazio. Não por desgosto, mas por medo de alguns morcegos que adentravam-no para dormir. Um inquilino respeitava os horários do outro.
            O fim da noite de sábado (às vezes, de domingo) significavam o fim de um ciclo. Talvez fosse a melhor parte da semana. Quando não era preciso sorrir, fingir ou sair. Era o dia do deleite da leitura, da companhia sincera e da ausência da hipocrisia diária forçada.
            Os anos passaram, o apartamento deve ser usado de maneira diferente, e os morcegos devem continuar por lá quando ninguém vê. Porém, as memórias, a história, o crescimento compartilhados jamais serão esquecidos por aquelas paredes brancas e pelas estantes, hoje vazias.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Ignorância Opcional

Uma vez vi um filme de terror que consistia em forças malignas da Internet contagiando as pessoas. Era hilário! O único filme de terror que vi e ri o tempo todo. Porém, uns anos se passaram e acho que o filme era, na verdade, um presságio. Só podia ser.
            A Internet é um lugar virtual onde todos podem se expressar. Isso seria bom se não houvesse tanta babaquice no mundo. E, hoje em dia, a babaquice está espalhada e contagiando cada vez mais. As pessoas fazem blogs, fotologs, videologs e único log mesmo que falta é o matemático. Não que o log faça muita falta na minha vida ou de quem não curte matemática, mas significa que pelo menos algo foi aprendido no colégio. Enfim, o pior caso, na minha humilde opinião, é dos que se acham realmente engraçados e querem compartilhar sua graça. Ai, que vergonha alheia! É muita coragem... Bom, é muita falta de vergonha na cara. Mesmo.
            Hoje em dia, legal é ser colorido, fã instantâneo e “engraçadinho”. “Engraçadinho” pois a graça não existe. Não há um humor, nem óbvio nem nada. No colégio se aprende muita coisa, mas fora dele se aprende muito mais, tudo depende do interesse. É superlegal ter um blog e falar sobre nada, mas saber sobre política, sobre filosofia, história é out. Tudo isso me leva a concluir que ignorância existe por pura opção. Surge uma nova geração, que podia estar fazendo alguma diferença na história do país e isso simplesmente não acontece porque ser burro dá menos trabalho. Porque a Internet oferece tudo resumido. E mesmo o resumido é tão chato... Melhor não ser informado.
            E assim, as pessoas são manipuladas porque querem. Foi uma escolha. E ainda se acham muito espertos por usarem uma roupinha muito legal, por estarem em todas as festas da cidade. Botou um vídeo no YouTube falando merda, é ator. Me poupe. Aliás, talvez seja essa minha indignação. Não sou poupada de toda a idiotice que as pessoas constroem! E eu preciso poupa-las da minha chatice política! Preciso poupa-los de uma mudança que acredito que poderia acontecer se a ignorância fosse descartada ao invés de escolhida.
            Vamos fazer um acordo? Me retiro dessa geração e vocês me deixam em paz!

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Loteria

Algumas vezes na vida, ouvi que me amavam. Meninos me disseram isto. Ao primeiro, agredeci. Porém, após repetidos sorrisos baixos em respostas aos meus agradecimentos, resolvi deixar de lado o "obrigada" e proferir aquelas palavras que ele me dizia. Na verdade, me sentia realmente obrigada. Não acreditava que o amor poderia surgir tão rápido dentro de alguém.

Depois de alguns anos, voltei a ouvir estas palavras. Desta vez eu era mais crescida e não acreditei em nenhum dos sons emitidos pelas consoantes e vogais. Até porque não suportava a idéia de que alguém que amasse pudesse machucar. Bem, esse não merecia nem a compaixão da minha gratidão ou das minhas mentiras.

Quase desacreditei do amor. Havia desistido de tentar amar alguém nos anos seguintes. Eis que, no começo do processo de desistência, outro alguém me aparece falando em casar, em beijar minha boca para curar a ferida que criei. Mal ele sabia que faria exatamente isso. E eu, que ainda nem tinha visto seu rosto, sentia a desconfiança alternada de um estranho interesse. A minha confiança foi, enfim, conquistada e o interesse se tornou algo mais. Em um mês, me deparei com um homem, sua alma de menino e meu amor (que inicialmente me assustou tanto que me coloquei a tremer involuntariamente por não saber lidar com o desconhecido). Assim mesmo, instantaneamente. Ou não.

E já fazem cinco meses desde que entendi o que é amor por amar, e ser amada. E o aprendizado cresce a cada dia, como um broto bem cuidado até que nasçam bonitos frutos e flores. Finalmente pude compreender os versos "A esperança do amor não me deixa nunca mais" e "Meu amor tem um jeito manso que é só seu", pois venho compartilhando isso com ele, e com o mundo, diariamente.

O amor mesmo, o bonito, o que contagia cada ato e providência tomada, é o que se sente somente uma vez na vida. É o mesmo que só acontece se for sentido por duas pessoas com intensidade, afeto, respeito e carinho proporcionais. Eu amo, muito, e desejo que você ame também!

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Labirintos


            Há dias em que a cabeça rodopia, rodopia e não pára. Falta o equilíbrio, como numa labirintite mental. E a mente é mesmo cheia de labirintos... A escolha por um caminho, sem que se perca na metade, deve ser tomada com cautela. Porém, ainda existem algumas pedras a ser desviadas em caminhos certos, apenas é preciso calma e atenção para não tropeçar.
            Nem sempre é tão fácil. Na verdade, manter uma fortaleza em tempos de guerra é difícil. E a pior guerra e a melhor fortaleza que podem existir são as que existem dentro de nós mesmos. É preciso muita sabedoria para controlar uma e fortificar a outra, e às vezes isso roda, como se estivesse dentro de um furacão. Um dia volta para o lugar, construindo tudo novo após a destruição, talvez, diária. E com a construção, a cabeça vai parando de rodopiar aos pouquinhos...
            Com a ajuda da música, das letras e do amor, a cura para os labirintos chegam.

domingo, 22 de agosto de 2010

Bússola

Sem você
Me desoriento
Perco o Norte.

Meus caminhos
Ficam sem um rumo certo.

Desde a primeira vez que te vi
(Lembro bem, sentado bem ali),
Passei a tomar meus caminhos a sorrir
Olhando pela janela, andando pelas ruas...

E enquanto as pessoas passam atordoadas
Correndo numa velocidade sem tamanho
Sigo calmamente extasiada
Com aquele sorriso que só você traz
Mesmo que apenas dentro do meu pensamento.

E enquanto o mundo corre
Em busca de Sul, Leste, Oeste,
Meu coração ganha um mundo
Desde que encontrei meu Norte.

Para Leandro, meu grande amor

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Neve

Fazia tempo que essa tremedeira não me invadia o peito...
Esse frio tão gelado que é capaz de matar... É preciso ser forte. Apenas roupas quentes não acabam com essa neve. E esse medo de morrer de frio? Talvez seja pior que a real capacidade de matar.
A agonia que surge quando começo a tremer evolui cada vez mais. Quando dou por mim, os calafrios tomaram conta. E não param, não param há dias! E não adianta pedir com educação ou gritar, não há um intervalo sequer. É um Alaska que não tem noite, gélido como as madrugadas sós do mundo afora. Os dias não terminam e a neve não cessa.
Sei que o Sol quente vai chegar e derreter todo esse gelo, sei sim. Espero que depois o chão não esteja escorregadio, ou que seque logo para que eu possa sair e firmar, finalmente, meus pés no chão. 

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Os Gênios e suas Grandes Produções

            Ao abrir o jornal hoje de manhã, descobri um gênio da literaturacinematográficapop brasileira. Afinal, tanta especulação devia ter alguma finalidade. Depois da pose inicial do escritor, folheei até seu artigo chegar. Eis que a especialidade do moço que escreve o artigo é falar sobre sua vida, e como fazer roteiros ajuda a “pegar mulher”. Logo depois, na próxima reportagem, uma entrevista onde, mais uma vez, li que escrever um artigo n’O Globo ajuda muito a pegar mulher na Matriz ou na Pista 3. O autor-diretor-roteirista-ator reclamava também das atrações não-direcionadas a nossa geração, que pede um novo “The Big Bang Theory”. Roteiristas não estão preparados para tal tipo de linguagem.
            Pois bem. A busca pela atenção talvez tenha sido a característica de toda geração. Hoje vivencio isso, finalmente. Porém, quando olho para os anos 70 e a grande revolução na música, para toda a besteirada cafona e, ao mesmo tempo, grandes críticas dos anos 80, sinto-me mal. Nem os anos 90 foram tão bons assim, se não me falha a memória. As crianças da última década são os quase-adultos dos anos 2000. E eu, dentro dessa geração, não enxergo genialidade nenhuma em arte com finalidade de “pegação”. Se arte hoje é desapego, é cópia do estilo norte-americano, estou definitivamente perdida. Escrever não deve ser mesmo um bom negócio.
            A superficialidade hoje é tida como genialidade! Entendo como fraqueza, medo de se mostrar por inteiro. É realmente muito mais fácil mostrar-se somente engraçado, não requer conflitos. Refletir é difícil! Discutir assuntos, pior ainda! Obriga a pensar, a criar uma posição. E, pelo que parece, é tudo do que se foge atualmente. Então, ode a superficialidade! Penso que aqueles que ainda têm algo a dizer, camuflam-se nessa falta de sentimentos, nessa arte descaracterizada, nesse dizer sem dizer. Vender-se é o que mostra esperteza. Lutar humildemente pelo que se acredita é burrice! Sou burra! Faço parte do percentual de idiotas da minha geração! E apesar de não ser um gênio, tenho orgulho de fazer o que gosto, de escrever do jeito que sinto.
            E que venham os outros grandes gênios da geração Z.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Folha Rabiscada

Hoje quero ficar só
Sem ombro de amigo
Nem dó.

Adentrar esse bar
Onde ninguém possa me espiar.
Não pedirei para ficar ou ir embora.
Só parto se for posta para fora.

Hei de sentir esse vazio gelando
Feito aquele vento minuano
Sem tentar descobrir se é acerto ou engano.

Esconderei essas olheiras de não acordar
De quem possa me consolar
Sem ao menos saber o que passa.
E o que passa?

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Caleidoscópio

Gélido
Trêmulo
Rótulo.
Turvo
aquilo
que sinto.
Supero
medo
temporário.
Volto
rápido
ao mágico.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Carnaval de Nós


            Ah, esses olhos com brilho da cor do mar... Que sensação única ao vê-los! Que toque tão maravilhoso dessa pele tão clara, desse corpo tão lindo! Que visão delirante tenho ao navegar por essa harmonia em forma de gente, ao bagunçar esse cabelo escuro...
            Injusta é essa falta do seu corpo no meu! Passar por esse frio à espera do seu calor devia ser proibido! E, veja bem, no dia que o proibido se tornar liberdade, brincarei um carnaval por noite nesses seus caminhos... Ah, que divertidos serão os meus blocos!
            Sinto que esse dia não demora! Sinto que nossos dias estão cada vez mais próximos, e aí tudo será nós dois! Sagrado e profano! Somos o amor transbordado pela alegria, e pela saudade, e pelo mundo de bons momentos que passamos juntos. Saudade essa que, nesse dia tão próximo, será sentida pela distância que um quarto tem da cozinha.
            E nesse dia, serei a mulher mais foliona que o Rio de Janeiro e seu mundo já viram!

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Sur-Realismo

            Havia um grande mural na parede. Ele figurava um centro urbano, colinas muito geladas ao fundo e um relógio enorme e fluorescente a frente de tudo. O mural surreal estava situado numa sala muito cheia de vazio. No rádio tocava a primeira música do Los Hermanos enquanto, num dos cantos do ambiente, uma menina de esmalte lascado permanecia paralisada como se esperasse algo muito importante, ou talvez não esperasse por nada.
            A expressão de seu rosto era indecifrável: não sabia-se se chegava ou ia, se sorria ou sofria, se vivia ou morria. Muito curioso. Ninguém ousaria aferir qualquer sensação àquela criatura de cabelos longos.
            Ao fim, acreditava-se que a menina poderia ter saído do grande mural que compartilhava aquela sala com ela mesma. Aquela confusão toda e o excesso de informações traduzir-se-iam num semblante tão imprevisível... Ela borbulhava por dentro e naufragava por fora. E, como no relógio surreal, o tempo passou mas os ponteiros não pareceram mudar de posição. Alguns minutos passaram e pareceram horas, e quando as horas foram, pareciam poucos minutos somados. Surrealismo e realismo misturavam-se cada vez mais. Era a vida tomando forma de arte e a arte tomando vida.
            E quando foi que isso deixou de ser visto por nós?

sexta-feira, 16 de julho de 2010

17 de Maio

Veio para mim no fim do verão
um tal desconhecido simpático
com olhos tímidos, atrás das chamas
que me chamaram atenção.

Desconhecido estranho esse.
Dentro de mim, conheço-o desde sempre.
Deve ser coisa dos anjos.

E assim chegou o outono.
Trouxe-me esse anjo em sua ventania.
Levou-me a voar pelos bares da cidade
mesmo que o primeiro vôo tenha sido beijado pela falsa Estátua da Liberdade.

Ah, outono de novo amor!
Como posso agradecer a nova vida que me mostrou?
Darei outros cem mil outonos de felicidade,
daqui para a eternidade! 

Para o meu amor, Lê.

Conjugação

            Perigoso é isso que escolhi como vida. Guardar momentos com palavras, angústias com letras, alegria com poesia - isso é perigoso. O passado fica preso, pronto para briga com o presente. E, às vezes, tudo que se deve fazer é deixar o pretérito voar com o que ele já foi um dia.
            Há o medo de olhar para trás e ver tudo registrado sim. A barriga treme por dentro como num filme de terror bem bizarro, onde todos ficam acordados de noite e amanhecem dizendo que dormiram bem. A pena de jogar ao vento essas folhas repletas de história seguram cada vez mais aquilo que já devia ter ido há muito tempo... E aí o medo volta e fica tudo cada vez mais confuso. É, meu caro, desprender-se e desfazer-se daquilo que já foi seu não é tão fácil...
            E o que se há de fazer quando se gosta de olhar para o passado e sorrir? E o que fazer se o pretérito é totalmente imperfeito? Como fazer essa divisão? Não a fazendo. Registro vida, leio vida. Mas preferencialmente, apagaria essas memórias tão não minhas.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Pauvre Enfant

            Pobre menina aquela dos cabelos claros... Olhos tão tristes ela tem. Pareceu-me tão menina apesar de mais velha que eu. Seu jeito de tentar chamar atenção para si mesma, tudo só me traz a imagem de uma garotinha triste...
            Talvez ela queira ser dessa maneira. Possivelmente escolheu isso. Quem sabe nem se esforce para mudar? A tristeza traz a pena, e a pena, de algum modo, traz cuidados, preocupações... Talvez isso a faça sentir importante. Quase sinto-me culpada por ter jogado tanta raiva, injúrios e falta de importância sobre sua vida. Toda vida é importante afinal, não é? E quase porque também sou humana e estou longe de ter uma vida sem defeitos.
            Ainda bem que a pobre menininha vai para longe. Seria ruim sentir compaixão ou ira, e egoísmo também não é algo lá muito bom de se sentir. Porém, acredito que longe daqui a vida pode renovar-se. Pois as mudanças, sei muito bem, são tão difíceis! E quando se olha para dentro e se vê em desvantagem, as mudanças fatalmente ganham proporções mais pesadas e dolorosas. Fugir, às vezes, é ganhar espaço. Que a pobre menininha ganhe o seu e deixe, algum dia, de ser e sentir-se pobre.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Olhos Azuis

Eram olhos penetrantes. Azuis, intensos. Contrastando com a camisa de seu dono, de mesma cor, aqueles olhos azuis se guiavam na mesma direção que os meus.
       Havia um obstáculo. De vermelho intenso, com um rosto bonito, cabelos castanhos e a pele branca bronzeada, tipicamente carioca. Linda. Não tinha os mesmos olhos que os olhos azuis, a direção era diferente. Ela olhava para seu lado esquerdo, olhou para onde eu estava somente uma vez, por milésimos de segundo. Apesar de mais velha, sentia-se insegura de me olhar, do mesmo jeito que senti e fiz com os olhos azuis. Não entendi o porquê desta reação, eu não demonstrei nada que a levasse a isso.
       Eu tive um motivo. Os olhos azuis focavam nos meus. E assim continuou por muito tempo. Logo comecei meu jogo e fiquei olhando-o até que parasse de me olhar. Porém, como sempre, traí a mim mesma e não consegui manter o olhar. Meus olhos não conseguiam se focar nos olhos azuis como eles se focavam nos meus.
       De repente, os olhos azuis se perderam. Neste momento me senti segura o bastante para analisar toda a cor e a beleza daqueles olhos. Minhas pupilas provavelmente devem ter se ajustado e reajustado, como o zoom de uma câmera fotográfica faz. O foco aproxima-se, afasta-se e por fim aproxima-se novamente, mas, na verdade, chega cada vez mais perto do lugar esperado.
       Senti algo bom no começo. Talvez um pensamento futuro que não aconteceria, uma fantasia premeditada totalmente fracassada. Sorri. Esqueci da moça bonita de vermelho, esqueci das pessoas em volta, do lugar onde estávamos. Éramos só nós, eu e o dono dos olhos azuis. Sem uma palavra, ele levantou, veio até mim e sorriu sem mostrar os dentes, mas eu não consegui esconder os meus. E quando seus lábios iriam encostar nos meus, os olhos focaram-se nos meus novamente.
       Percebi rapidamente as pessoas em volta, a menina de vermelho e que o dono dos olhos azuis continuava sentado ali na minha frente. Senti algo estranho. Os olhos azuis continuavam lindos, penetrantes, mas agora me pareciam sujos, repugnantes.
       Olhei para trás. Vi uma televisão, distração incontrolável. Olhei para os olhos azuis novamente, em minha direção. Rapidamente meus olhos exalaram um ar de desprezo e fugiram dos olhos azuis. Meus olhos não faziam diferença alguma, não ofuscariam tamanha distração.
       Eram olhos previsíveis demais. Azuis, lindos e previsíveis. Tudo de muito previsível me repele, e esses olhos previsíveis só se juntaram a milhares de outros olhos previsíveis, tornou-se um número.
       Um brinde.

Escrito originalmente em 2009, publicado em 03 de agosto de 2009

http://mtv.uol.com.br/txt/blog/txtdermiatentando-focar-os-olhos-azuis

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Estranha Vergonha de Amar


            Não entendo por que esse medo de amar, de se mostrar amando. Meu amor é uma delícia! Quanto mais sorrio, mais meu sorriso é verdadeiramente visto. No entanto, percebo pelo mundo a grande imposição do contrário, da vergonha ver-se e mostrar-se apaixonado. Onde, pergunto a mim mesma, essas pessoas podem guardar seus amores?
            Talvez não chegue à conclusão alguma, porque simplesmente não vivo isso. Nem quero viver! Mas que acho bonito amar e ser amado, ah, eu acho!

quarta-feira, 7 de julho de 2010

A Última Noite

Não gosto de pesadelos. Tampouco gosto de sentir frio de noite. Gosto menos ainda de sentir as águas mornas que escorrem pelo meu rosto virarem gelo quando o vento bate. Não gosto da insônia, não gosto da agitação ruim que ela me provoca. Detesto quando não consigo jogar algumas palavras no papel para acabar com a agitação da insônia. Odeio o pânico que isso tudo, junto, me causa.
Ainda assim, por qual motivo isso acontece? Ou melhor, por que aconteceu?
E o único jeito do desespero dessa noite cessar foi mesmo ouvir aquela voz, aquela calmaria toda em forma de gente. E então a taquicardia foi abrandando aos poucos, o corpo, exausto, relaxando e a cabeça... já não sei quando parou de pensar.
 

terça-feira, 6 de julho de 2010

Ode à Superficialidade

santa puta da república
Os senhores são convosco.
Porém, só pelo tempo que os apetece.
A solidão é que mormente é convosco.

Santa causa para desespero
Ao atirar-se às três pernas de todo e qualquer homem.

santa puta dos mares
Se faz Geni mulher
Mantida em disfarce pelas palavras
Dignas de pena e raiva passageira minhas,
Já que sois tão importante
Quanto vossa escrita
E presença
Nos corações dos senhores que são convosco.

Para Aquelas do Desapego

E num mundo onde bigodes ganham diversão, hesitação e quintas intenções,
sou a fúria estampada no silêncio das canções.

domingo, 4 de julho de 2010

Se Você Fosse Embora

Se você fosse embora, meu amor
o gosto pela vida desapareceria
e eu voltaria somente à existência.

E se você se despedisse
não consigo imaginar o que faria,
e se faria.

Você me trouxe o amor
e é só isso que posso oferecer.
O mais sincero, o maior do mundo,
o que esperei a vida inteira encontrar.

Não vá embora, meu amor.
Desaprendi a suportar
(e a sua falta não é de se suportar).
Preciso te amar, me entregar aos teus olhos de mar
e levar meu bem para a minha vida.
Preciso de você pela vida inteira.

Se você fosse embora
o vazio
seria.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

24 de março de 2010


            As contradições que a vida proporciona são, no mínimo, engraçadas. Parecem mais com algum tipo de implicância. Daquelas mais infantis possíveis.
            Nunca devemos dizer nunca, apesar de acabar de faze-lo. Não devemos dizer o que podemos, mais tarde, nos arrepender e todo aquele blábláblá já dito antes por qualquer filósofo de boteco. Porém, quando se trata de mim, não adianta. Sempre me traio. Gosto de palavras e frases de impacto. Sou daquelas pessoas intensas. Afinal, como todo leonino que se preze (apesar de não acreditar muito em signos).
            Não vou mudar enfim. Apesar de também ser fã de mudanças, sou quase radical em alguns aspectos. E já que a vida gosta de ter esse tom contraditório em suas “ações”, vamos deixar que tudo vire surpresa. E contradição.

Para Lê e meu passado.

Meu Caro Narciso

Considero o narcisismo essencial na condição humana. Não o narcisismo exacerbado, é claro, mas o que seria de nós se não pudéssemos olhar para o espelho? É saudável cultuar a si mesmo. Quando escrevo, me cultuo. Porque gosto de escrever, sinto-me bem, sinto prazer em fazê-lo. Que mal há nisso?
Não posso fazer parte de uma sociedade hipócrita que cita um narcisismo pejorativo quando tira fotogrfias com roupas "de marca" num provador de loja para mostrar no Fotolog.
E quem foi mesmo Narciso?

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Relógios


            Aproxima-se a hora! Afastam-se os segundos! Os minutos correm! O tempo é mesmo coisa de louco... Se não houvessem inventado o relógio, quem poderia informar as horas? Seria o tempo cronometrado ou individualizado? Hein?
            Quando há algo de muito esperado para acontecer, o tempo aposta corrida com as tartarugas e caramujos, e chega em último lugar! Porém, quando o “muito esperado” está acontecendo, o tempo corre tão rápido quanto o Papa-Léguas. Há também aquelas conversas chatas que sugam toda a energia do ouvinte, parecem durar milênios... E quando se olha para o relógio, foram só alguns minutos de cansaço. E o calendário também continua o mesmo...
            Seria uma delícia se as métricas do tempo não existissem! Tudo viria a ser surpresa, os pés não correriam tão apressados no centro da cidade e os sorrisos pairariam naqueles rostos atemporais. Nada teria hora para terminar, e tudo começaria quando bem entendesse! Os beijos durariam uma eternidade para os que beijam e uma outra eternidade para os que não beijam, assim como os carinhos, e os abraços... Ah, ainda jogo meu relógio fora!

quinta-feira, 24 de junho de 2010

As Aventuras Musicais

Música é coisa esquisita. Faz chorar, rir, acelera as sensações do corpo, mostra os sentimentos do coração. Algumas, com sua melodia, fazem explodir os sentidos. Outras, com suas letras, trazem reflexões para dentro do dia. E então se acha que a música faz sentido...
Besta, ela sempre fez sentido! Cabe a nós perceber isso ou não. Nem sempre estamos abertos a isso, por medo da fragilidade transparecer, talvez. Mas a fragilidade faz parte da vida tanto quanto a força. Aquele que se diz muito valente geralmente tem sua segurança devastada, mas não é disso que estou falando.
A ignorância diante da música, ou de poesias, é achar bonito e seguir em frente, sem parar para pensar o que aquilo significa. Hoje a concepção de música e arte ficou banalizada graças a uma certa geração colorida da qual infelizmente faço parte pela tal da generalização. Mas não me sinto muito dessa geração... Enfim, acredito que seja difícil para essas pessoas entender a beleza de uma melodia ou um poema pois o que lhe é oferecido é a mais pura merda! Então, chora-se por pouco, pois é só xingar muito no Twitter e a vida rapidamente volta ao normal. A ignorância é tão cultuada que me entristece por insistir em alguma diferença.
Porém, ainda acredito que a música faz uma grande mudança na vida. Na minha, acima de julgar pelo bom ou pelo ruim. Alguma hora, o sentido sempre aparece, seja ele para trazer tristeza, alegria ou para fazer pensar no que estou fazendo da minha jornada diária, das minhas grandes aventuras de mim mesma. E acredito que sempre seja assim. Porque a vida sem música, meu caro, seria só existência.

Gradação da Semana

Rio.
Frio.
Calor e frio.

Campo Grande.
Saudade grande.
Mesas vazias no bar.
Corações apertados no ar.

Pessoas demais
Barulho demais.
Sol demais.

Menos você.
Cadê?

quarta-feira, 23 de junho de 2010

O Anjo dos Olhos Mais Lindos do Mundo

            Ah, quanta sorte na vida! Os olhos mais bonitos do mundo na minha frente, e eles olham para mim. Depois de tanta tempestade com raios, finalmente posso dançar e me molhar nessa chuva sorrindo! E como eu sorrio... E quanta alegria eu sinto! Mal sinto falta dos abraços, beijos e olhares e lá está ele, com essas palavras que me deixam ainda mais encantada. E quando menos espero, está lá de braços abertos. Com aquela tribal que tanto gosto no pulso. Com o meu coração inteiro nas mãos.
            Meu anjo me abraça com aquele carinho que só ele tem e me leva para voar por um universo tão distante que só ele existe. Descobri, então, que nessa galáxia tão nossa o tempo não passa se os sorrisos aparecerem e os olhares se encontrarem. E uma vez que se encontram, nunca mais se largam. É quase hipnótico. O olhar mais doce e o sorriso mais verdadeiro que já provei. E esse é o grande feitiço que me leva a ter tanta vontade de beija-lo. É a mágica que me faz paralisar quando sinto seus lábios brincando pelo meu pescoço. Ai, tudo por uma eternidade nessa galáxia...
            Esse moço tão bonito da pele tão clarinha e o cabelo tão escuro traz com ele o ótimo gosto por uma poção amarela com uma espécie de faixa branca por cima, o “milk-shake”! Milk-shake esse que fica cada vez mais gostoso na sua presença. Sem ele, não é tão especial. Deve ser mais uma de suas simpatias... Santa simpatia!
            E o conjunto de todas essas divindades me leva a sentir como uma flor tão delicada do jeito que só mesmo um anjo deve conseguir faze-lo. E devo confessar que só mesmo um anjo que consegue. Um anjo lindo com um deus de cabeça de elefante num braço, estrela no outro e o coração de uma margarida também estrelada nas mãos.

Escrito originalmente em 17/04/2010

terça-feira, 22 de junho de 2010

A Mudez e o Casal Misterioso

            Há um casal misterioso nessa rua. Calados, são auto-suficientes. Assim mesmo, como uma pessoa só, e se bastam. Ela, loira, alta, olhos claros e pele bem clara parece muito uma boneca que tive quando criança. Ele, cabelos pretos, estatura baixa e mulato. Diferentes, não?
            Não. O casal misterioso parece se entender. E além disso, os dois são extremamente parecidos na arte da comunicação: não falam. Somente entre eles mesmos. Deve ser alguma regra... Houve uma vez  que o menino tentou trocar algumas palavras (em volume baixo) com uma garota que não era a boneca. Devia ser escondido... A prosa clandestina durou pouco. Quando a loira viu seu mulato abrindo a boca, tratou de enchê-la com suas saliva e língua. Não se despediram e foram embora como sempre: mudos.
            A comunicação é algo muito curioso. O casal só não precisa de um mundo além do deles como não pode ter outro mundo. Não é permitido. Censura. Mal eles sabem que, desse jeito, ao invés de serem invisíveis diante de todos, são mais vistos que qualquer outro casal apaixonado que não tem medo de se mostrar, de dar a(s) cara(s) a tapa. Talvez o casal misterioso descubra um dia que a proteção excessiva traz maior oportunidade de repulsa. Talvez não.
            Havia um casal misterioso nessa rua...

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Quando o Apenas Se Torna Muito

            Percebi hoje que existem certezas mais concretas do que aquelas que já eram tão certas. E talvez seja um pouco complicado entender quando são apenas palavras que posso compartilhar, pois é preciso mesmo sentir.
            Eu sinto, agora mais que nunca, a certeza daquilo que quero seguir para o resto da vida. Sim, e como sinto! E pude compreender ao vê-lo partir, o quanto meu coração ficou pequeno quando ele se foi. E olha que sei que em apenas seis dias o verei novamente...
            “Apenas”, para mim, se tornou algo muito relativo. Qualquer momento é sempre muito exaltado, é muito “muito”. Não sinto apenas uma saudade, sinto muita saudade. Sua companhia é muito importante, muito especial.  Amo muito.
            Ah, eu e minha urgência... Aceleraria o tempo para tê-lo comigo para sempre, acordando e dormindo ao meu lado todos os dias. E aí, então, faria o tempo parar. Ou melhor, não o faria. A vida vai caminhar tão mais gostosa se ele participar dela diariamente... Se hoje, e todos aqueles outros poucos dias da semana, ele me faz sentir nova, vibrante, sorridente, fico imaginando quando terei isso todos os dias. Ah, como eu queria que isso começasse agora...

Desapego

Já faz um tempo desde que ouvi falar pela primeira vez na palavra "desapego". Como boa (ou não) criadora de teorias que sou, comecei a pensar em vários significados, vários modos de aplicação. Porém, descobri que hoje em dia só é usado um modo: desapego de sentimentos.
Será que isso existe mesmo? A que ponto somos tão bem resolvidos assim que não precisamos de sentimentos? Sem saber, pratiquei esse "esporte" do desapego por algum tempo. Era fácil demais não me apegar a ninguém e levar a vida do modo mais individualista e egoísta possível. Eu era livre! Era tão livre que me sentia sozinha entre seis bilhões de pessoas. Quando olhava para os lados, não tinha um sorriso verdadeiro para retribuir o meu, então nem sorria. E me afundava cada vez mais nessa liberdade tão presa. 
O vazio traz sentimentos sim. E sensações. Os mais sombrios... mas desde que se sinta, não há desapego, certo? Os sentimentos não cessam, meu bem. E pegar e desapegar traz uma diversão tão temporária... Ninguém pode ser tão forte e "desapegado" ao ponto de não sentir falta de um carinho, de um amor no fim gelado da madrugada.
O desapego não passa da maneira mais fraca de mentir pra si mesmo.

Sejam bem-vindos.