quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Hilda e O Dia


            Hilda coleciona dissabores saboreando cada olhar tomado para si. Explode em forma o silêncio ignorado pelos que a observam. Hilda desfila sonhos e desejos recuados, logo feitos delírios de sua cabeça turva por dentro, clara por fora.
            A mulher esqueceu-se de como chorar, já que as águas secam, e seca também, e ainda mais, o que resta de vida dentro de si. E o sorriso, já escasso, revela-se para não atrair mais olhares de quem a cerca. Entretanto, a mágoa afoga seu peito coberto pelo nevoeiro de quem não quer ver.
            Mas o dia acabou.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

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No festejar dos beijos teus,
As feridas costuradas em pontos.
Segue a tua estrada dentro do meu peito.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Hilda e A Noite

            Hilda deitava-se tranquilamente. Com o movimento, a barra de sua camisola flutuava e caía levemente, como uma pluma. Esticava-se, deitada mesmo, para deixar o livro, os óculos e a calma na cabeceira. O troféu sereno que carregava durante o dia se afastava na mesma hora que o sono deveria chegar.
Porém, quando as luzes se apagavam e o silêncio reinava para que a mente descansasse, era aí que a desgraçada arrediava-se. Hilda pensava em verde, roxo e amarelo, em triângulo, quadrado e círculo, em ódio, orgulho e amor. O coração não batia – metralhava no peito! Doía! Queria chorar, rir e observar, tudo ao mesmo tempo.
Quando o tambor descontrolado reduzia o ritmo, Hilda finalmente adormecia. Aliviava-se dos males pré-inconscientes de uma vez por todas. Entretanto, os sonhos eram de uma violência tão dura que era melhor mesmo não ter tentado dormir, como qualquer mortal faria. Pobre Hilda, que sentia na alma as dores que os sonhos lhe causavam! Acordava como quem havia entupido as veias de álcool no dia interior, com a cabeça explodindo sentimentos que o coração não agüentava só.
            E então, Hilda levantava, esticava os braços como quem quer esticar a vida e seguia para sua serenidade habitual de mentira.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Vagalume - Parte II

Alma de manteiga,
expulsa o demônio
e abre suas asas
para um vôo alto e gracioso.

Não há nada errado
em suas luzes bonitas.
Elas podem brilhar verdes
e seguir sentido às estrelas.

Não deixe que o vento te sopre para baixo!
Afinal, um vento tão bom 
só tem o poder de soprá-lo para o alto!

Sim à tua superação
de cada dia,
de um novo coração!

Nas Alturas

O princípio é: a ausência de risos e sorrisos não há! Da boneca-menina (cabeça colada de tão dura!) até a beleza das batalhas. Mas vamos ser leves...

Falar sobre qualquer banalidade é tão importante quanto fatos decisivos. E, então os nós da minha cabeça se desfazem, e dão lugar aos seus laços. Afinal, os reais campeonatos ganhos são os daqui, do coração.

E a graça aparece até nos meus sonhos agitados, em rolar para todos os lados e falar um idioma de só um! A graça está por todos os lugares e, quando não está, a inventamos!

O principal é: a ausência de risos e sorrisos, ao seu lado, nunca houve e jamais haverá!

Para Dani

sábado, 4 de dezembro de 2010

Ponto de Luz

Só neste apagão
À luz destas poucas velas brancas,
Os poucos pontos de iluminação
Voam verdes.

Compartilham com as estrelas e comigo
Sua graça,e leveza
De um rumo sem nenhum perigo.

O vagalume que se vai
Deixou por aqui sua serenidade
Nos gestos de um pai
E em toda a sua musicalidade.

Seu vivo verde chega a piscar,
Mas não apaga;
Alumia a vida de quem passa
E sorri à quem fica.

Não há porquê ter medo, não
Enterram-se aqui os tempos de escuridão.