A Hilda Hilst
Se cada mulher sentisse o que nós...
São, mesmo, muitos nós.
É tudo enrolado.
Obsceno e divino.
Deixaste, alguma hora, o entender
Ou a vontade de entender?
Eu nem sei mais.
Sei que daria-me tuas delicadas loucas palavras.
Quem sabe, mandaria-me buscar?
Pois preciso ir.
Preciso inventar viagem.
Tu já dizias: o amor é (agri)doce.
Eu devia acreditar.
Mas, assim como você,
gozo ao arriscar.
É da nossa natureza não saber.
E pior: querer conhecer,
encontrar, examinar,
desejar esta entrega
e entregar-se completamente cega.
Ensina-me muito ainda!
Não me canso, sou insaciável.
Esta noite, ao deitar nesta cama,
quero o teu peso plumeado.