terça-feira, 31 de maio de 2011

Os Mais Verdes Sabor Anis

Chegou ao último dia com se fosse
O primeiro,
Ou ao primeiro
Como se fosse o último.

Tudo depende do ponto de vista
Ou da vista do ponto.

Na pele, carrega
O escuro e silêncio
E sua verde estrela.
Sono é algo a ser respeitado!
Então, dele veio, e é guardado
Pelo grande deus sentado
No braço.
E por outro verde de grandes olhos,
Mas é segredo!

Também traz consigo a música
Em seu ombro e sua perna.
Afinal, é tempo de dançar palavras!

E são nesses brilhantes olhos de mar
Que a fada verde canta!
Encanta a quem passa
E decide ficar.

É a união dos tons sortidos,
Que se apresenta ao mundo
Exatamente às treze e quarenta e cinco.
Prepara-te, que, para partir,
Os relógios são derretidos!

Chegou ao primeiro dia como se fosse 
O último,
E ao último
Amando como se fosse o primeiro!

sexta-feira, 27 de maio de 2011

O Velho Camuflagem

O velho que persegue bar a bar
Desatava a dançar!
Era João sem Maria,
E só sabia voltar para casa
Pois as doses para o santo
Marcavam seu caminho.

De manhã, o sol brilhava
Dentro de seus vidros.
Os raios que lhe atingiam
Não eram os demais vadios.
De manhã,
A dor e a ressaca do amor perdido.

E se conseguisse, ajoelharia
Por perdão pela diversão
Que gastara sem seu par.
Como poderia dançar sem sua doce Maria?

Se a vida não parecia seguir,
O velho seguia cada noite:
Em cada copo, um souvenir;
Em cada garrafa, uma canção,
Um samba qualquer que implorava
O dia em que não levantasse do chão.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Boneca de Pano

Na livre prisão
de si,
a culpa de sua própria
responsabilidade.
Giros dentro de seu círculo
e chega ao fim seu infinito dia.
Da leveza escorregadia de sua mão,
o adeus não
se completa.
Foram só as cinzas
que sobraram. A fumaça,
seu cheiro, nada passa.
A exaustão.
A dança.
A chama.
O não.
Da minha vida, vive
O amor.
O plural do amor.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Granada

Lambuza essa boca!
Usa, abusa desse tom!
Flutua, delícia, por todo o salão...

Esse vestido dança levemente
Como a quem lhe pertence.
Quase dói de se ver...
Olhos podem comer?

Ela vai de lá para cá
Como quem não se importa com nada.
E quando a lua se for
Será que me leva para casa?

É mais uma que vai partir
E se partir por me deixar.
Há algo mais a pedir?

A conta, por favor.

Sim

Delicada manhã
De abraços e embaraços,
Corpos macios.

Os suaves toques
São calor no frio,

São sem amanhã.

Arrasta-se
Essa vontade de ficar,
Ou simplesmente de não se deixar.
Só resta ouvir "sim".

Lonesome

Lá vai o cavaleiro das chuvas...
Ele dança, ele pula,
Bebe, faz cem firulas,
Anula seu tempo.

Canta para encontrar
Sua chama vermelha,
E se encanta ao deitar
Em sua fogueira-cama.

Abriram as cortinas!

O Sol não saiu,
Mas ele sim.
A chuva não caiu.
Porém, ele sim.

E as ruas estavam vazias
Como sempre.
Fácil é a alegria da liberdade de quem sente.
Difícil é jornada-partida do só, somente.
Só mente só.

Lá se foi o cavalheiro das ruas...

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Quebra-cabeça

Quebra-se toda, a menina-mulher.
Monta-se, rua!
Desmonta-se, crua!

Dança, mulher!

Do chão, não passa.
E afinal, o que quer?

Deixe que suas longas pernas te levem.
Que, de preferência, te vendem!
Pois tens medo até de enxergar.


Lembre-se: quem não é gato,
Vive uma vida por vez.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Otenos

Tudo é silêncio.
Nem insetos fazem tanto barulho.
Não há som que quebre este vazio.

São só os ecos do nada
Que chegam para lembrar
Da estranha inércia tão conhecida...

A loira até avisou:
- Mate o tempo, antes que o tempo te mate!
Pois nem vivo nem morro

E o tempo mal me bate.

Não sinto.
A solidão engole o que há por dentro
E apenas leva o brilho dos olhos,
Deixando comigo o inverso do soneto.