quarta-feira, 30 de junho de 2010

Relógios


            Aproxima-se a hora! Afastam-se os segundos! Os minutos correm! O tempo é mesmo coisa de louco... Se não houvessem inventado o relógio, quem poderia informar as horas? Seria o tempo cronometrado ou individualizado? Hein?
            Quando há algo de muito esperado para acontecer, o tempo aposta corrida com as tartarugas e caramujos, e chega em último lugar! Porém, quando o “muito esperado” está acontecendo, o tempo corre tão rápido quanto o Papa-Léguas. Há também aquelas conversas chatas que sugam toda a energia do ouvinte, parecem durar milênios... E quando se olha para o relógio, foram só alguns minutos de cansaço. E o calendário também continua o mesmo...
            Seria uma delícia se as métricas do tempo não existissem! Tudo viria a ser surpresa, os pés não correriam tão apressados no centro da cidade e os sorrisos pairariam naqueles rostos atemporais. Nada teria hora para terminar, e tudo começaria quando bem entendesse! Os beijos durariam uma eternidade para os que beijam e uma outra eternidade para os que não beijam, assim como os carinhos, e os abraços... Ah, ainda jogo meu relógio fora!

quinta-feira, 24 de junho de 2010

As Aventuras Musicais

Música é coisa esquisita. Faz chorar, rir, acelera as sensações do corpo, mostra os sentimentos do coração. Algumas, com sua melodia, fazem explodir os sentidos. Outras, com suas letras, trazem reflexões para dentro do dia. E então se acha que a música faz sentido...
Besta, ela sempre fez sentido! Cabe a nós perceber isso ou não. Nem sempre estamos abertos a isso, por medo da fragilidade transparecer, talvez. Mas a fragilidade faz parte da vida tanto quanto a força. Aquele que se diz muito valente geralmente tem sua segurança devastada, mas não é disso que estou falando.
A ignorância diante da música, ou de poesias, é achar bonito e seguir em frente, sem parar para pensar o que aquilo significa. Hoje a concepção de música e arte ficou banalizada graças a uma certa geração colorida da qual infelizmente faço parte pela tal da generalização. Mas não me sinto muito dessa geração... Enfim, acredito que seja difícil para essas pessoas entender a beleza de uma melodia ou um poema pois o que lhe é oferecido é a mais pura merda! Então, chora-se por pouco, pois é só xingar muito no Twitter e a vida rapidamente volta ao normal. A ignorância é tão cultuada que me entristece por insistir em alguma diferença.
Porém, ainda acredito que a música faz uma grande mudança na vida. Na minha, acima de julgar pelo bom ou pelo ruim. Alguma hora, o sentido sempre aparece, seja ele para trazer tristeza, alegria ou para fazer pensar no que estou fazendo da minha jornada diária, das minhas grandes aventuras de mim mesma. E acredito que sempre seja assim. Porque a vida sem música, meu caro, seria só existência.

Gradação da Semana

Rio.
Frio.
Calor e frio.

Campo Grande.
Saudade grande.
Mesas vazias no bar.
Corações apertados no ar.

Pessoas demais
Barulho demais.
Sol demais.

Menos você.
Cadê?

quarta-feira, 23 de junho de 2010

O Anjo dos Olhos Mais Lindos do Mundo

            Ah, quanta sorte na vida! Os olhos mais bonitos do mundo na minha frente, e eles olham para mim. Depois de tanta tempestade com raios, finalmente posso dançar e me molhar nessa chuva sorrindo! E como eu sorrio... E quanta alegria eu sinto! Mal sinto falta dos abraços, beijos e olhares e lá está ele, com essas palavras que me deixam ainda mais encantada. E quando menos espero, está lá de braços abertos. Com aquela tribal que tanto gosto no pulso. Com o meu coração inteiro nas mãos.
            Meu anjo me abraça com aquele carinho que só ele tem e me leva para voar por um universo tão distante que só ele existe. Descobri, então, que nessa galáxia tão nossa o tempo não passa se os sorrisos aparecerem e os olhares se encontrarem. E uma vez que se encontram, nunca mais se largam. É quase hipnótico. O olhar mais doce e o sorriso mais verdadeiro que já provei. E esse é o grande feitiço que me leva a ter tanta vontade de beija-lo. É a mágica que me faz paralisar quando sinto seus lábios brincando pelo meu pescoço. Ai, tudo por uma eternidade nessa galáxia...
            Esse moço tão bonito da pele tão clarinha e o cabelo tão escuro traz com ele o ótimo gosto por uma poção amarela com uma espécie de faixa branca por cima, o “milk-shake”! Milk-shake esse que fica cada vez mais gostoso na sua presença. Sem ele, não é tão especial. Deve ser mais uma de suas simpatias... Santa simpatia!
            E o conjunto de todas essas divindades me leva a sentir como uma flor tão delicada do jeito que só mesmo um anjo deve conseguir faze-lo. E devo confessar que só mesmo um anjo que consegue. Um anjo lindo com um deus de cabeça de elefante num braço, estrela no outro e o coração de uma margarida também estrelada nas mãos.

Escrito originalmente em 17/04/2010

terça-feira, 22 de junho de 2010

A Mudez e o Casal Misterioso

            Há um casal misterioso nessa rua. Calados, são auto-suficientes. Assim mesmo, como uma pessoa só, e se bastam. Ela, loira, alta, olhos claros e pele bem clara parece muito uma boneca que tive quando criança. Ele, cabelos pretos, estatura baixa e mulato. Diferentes, não?
            Não. O casal misterioso parece se entender. E além disso, os dois são extremamente parecidos na arte da comunicação: não falam. Somente entre eles mesmos. Deve ser alguma regra... Houve uma vez  que o menino tentou trocar algumas palavras (em volume baixo) com uma garota que não era a boneca. Devia ser escondido... A prosa clandestina durou pouco. Quando a loira viu seu mulato abrindo a boca, tratou de enchê-la com suas saliva e língua. Não se despediram e foram embora como sempre: mudos.
            A comunicação é algo muito curioso. O casal só não precisa de um mundo além do deles como não pode ter outro mundo. Não é permitido. Censura. Mal eles sabem que, desse jeito, ao invés de serem invisíveis diante de todos, são mais vistos que qualquer outro casal apaixonado que não tem medo de se mostrar, de dar a(s) cara(s) a tapa. Talvez o casal misterioso descubra um dia que a proteção excessiva traz maior oportunidade de repulsa. Talvez não.
            Havia um casal misterioso nessa rua...

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Quando o Apenas Se Torna Muito

            Percebi hoje que existem certezas mais concretas do que aquelas que já eram tão certas. E talvez seja um pouco complicado entender quando são apenas palavras que posso compartilhar, pois é preciso mesmo sentir.
            Eu sinto, agora mais que nunca, a certeza daquilo que quero seguir para o resto da vida. Sim, e como sinto! E pude compreender ao vê-lo partir, o quanto meu coração ficou pequeno quando ele se foi. E olha que sei que em apenas seis dias o verei novamente...
            “Apenas”, para mim, se tornou algo muito relativo. Qualquer momento é sempre muito exaltado, é muito “muito”. Não sinto apenas uma saudade, sinto muita saudade. Sua companhia é muito importante, muito especial.  Amo muito.
            Ah, eu e minha urgência... Aceleraria o tempo para tê-lo comigo para sempre, acordando e dormindo ao meu lado todos os dias. E aí, então, faria o tempo parar. Ou melhor, não o faria. A vida vai caminhar tão mais gostosa se ele participar dela diariamente... Se hoje, e todos aqueles outros poucos dias da semana, ele me faz sentir nova, vibrante, sorridente, fico imaginando quando terei isso todos os dias. Ah, como eu queria que isso começasse agora...

Desapego

Já faz um tempo desde que ouvi falar pela primeira vez na palavra "desapego". Como boa (ou não) criadora de teorias que sou, comecei a pensar em vários significados, vários modos de aplicação. Porém, descobri que hoje em dia só é usado um modo: desapego de sentimentos.
Será que isso existe mesmo? A que ponto somos tão bem resolvidos assim que não precisamos de sentimentos? Sem saber, pratiquei esse "esporte" do desapego por algum tempo. Era fácil demais não me apegar a ninguém e levar a vida do modo mais individualista e egoísta possível. Eu era livre! Era tão livre que me sentia sozinha entre seis bilhões de pessoas. Quando olhava para os lados, não tinha um sorriso verdadeiro para retribuir o meu, então nem sorria. E me afundava cada vez mais nessa liberdade tão presa. 
O vazio traz sentimentos sim. E sensações. Os mais sombrios... mas desde que se sinta, não há desapego, certo? Os sentimentos não cessam, meu bem. E pegar e desapegar traz uma diversão tão temporária... Ninguém pode ser tão forte e "desapegado" ao ponto de não sentir falta de um carinho, de um amor no fim gelado da madrugada.
O desapego não passa da maneira mais fraca de mentir pra si mesmo.

Sejam bem-vindos.