segunda-feira, 21 de junho de 2010

Desapego

Já faz um tempo desde que ouvi falar pela primeira vez na palavra "desapego". Como boa (ou não) criadora de teorias que sou, comecei a pensar em vários significados, vários modos de aplicação. Porém, descobri que hoje em dia só é usado um modo: desapego de sentimentos.
Será que isso existe mesmo? A que ponto somos tão bem resolvidos assim que não precisamos de sentimentos? Sem saber, pratiquei esse "esporte" do desapego por algum tempo. Era fácil demais não me apegar a ninguém e levar a vida do modo mais individualista e egoísta possível. Eu era livre! Era tão livre que me sentia sozinha entre seis bilhões de pessoas. Quando olhava para os lados, não tinha um sorriso verdadeiro para retribuir o meu, então nem sorria. E me afundava cada vez mais nessa liberdade tão presa. 
O vazio traz sentimentos sim. E sensações. Os mais sombrios... mas desde que se sinta, não há desapego, certo? Os sentimentos não cessam, meu bem. E pegar e desapegar traz uma diversão tão temporária... Ninguém pode ser tão forte e "desapegado" ao ponto de não sentir falta de um carinho, de um amor no fim gelado da madrugada.
O desapego não passa da maneira mais fraca de mentir pra si mesmo.

Sejam bem-vindos. 

Um comentário:

  1. "Ser ou não ser, eis a questão". Essa conhecida frase de Shakespeare martelou na minha cabeça ao final desse texto. Eu me invento todos os dias e sou aquilo que faço de mim... então, a partir daí, me vem o pensamento sobre o que é ser livre. Acredito que ninguém foge da sua liberdade e que tal liberdade não é uma escolha feita ao acaso, não concordo com o livre-arbítrio. Não se trata de fazer ou não fazer escolhas. E sim, de uma escolha responsável. A essência da liberdade é a escolha. Dizer que eu me crio significa eliminar a idéia de qualquer existência prévia ou a crença em Deus. Portanto, ser é agir. Somos responsáveis por aquilo que somos e isso nos torna livres? Então, penso que a liberdade está relacionada com a responsabilidade. E como diria Caetano "Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é..."

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