quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Maria Hilda

A roupa de cama havia rasgado.
Não foi de propósito,
Tampouco lamentara o ocorrido.

Depois do fracasso de sua overdose de comprimidos,
Maria Hilda resolveu faxinar o quarto
Às quatro da matina.

Para começo de papo,
Maria Hilda desligou o despertador.
"Se a temporada de insônia chegara,
Não precisarei de aviso para acordar".

Após xingar mentalmente
Àquela cartela de calmante
"De farinha", Maria Hilda iniciou
Pela gaveta das calcinhas.
Organizou-as por cor, sensual e sutien.
Descobriu que precisava de uma gaveta dos sutiens,
Mas achou trabalho demais para uma madrugada.
Deixou pra amanhã.

O alvo seguinte foi a sapateira
Que estava uma bagunça só,
"Umas combinações sem eira nem beira".


Pausou,
Suspirou,
Chorou um pouco
E prosseguiu.


Maria resolvera por o armário em dia.
Vestidos à direita, blusas-que-não-podem-amassar à esquerda.
E o que podia amassar
Iria pra dentro da gaveta mesmo
Que ninguém via.


Por fim, Maria decidira
Por seus papéis na mesa.
Arrumou-os simetricamente ao computador.
Os fones de ouvido, jogou ao lado
Daquele seu canetário de time.


Satisfeita, recolheu-se à cama
E deitou-se no escuro.
Percebeu, novamente, que sua única companhia
Era o brilho acesso de seu cigarro.


Chegara a temporada de insônia.

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