quarta-feira, 27 de julho de 2011

Troço
Destroço
Engrosso
Bagaço
Traça
Desgraça
Embaraça
Graça

terça-feira, 26 de julho de 2011

Doce Meu

Ah, se achegue...
Não há doçura mais doce
Que sua voz sussurrando em meu ouvido,
Me cantando
Como só tu.

Me aconchegue
Nessa tua dança tão felina,
Tão ferina minha.
Sh... Não pense em amanhã
Que vivemos agora,
Meu bem.

E hoje eu quero sua pele
Derretendo em minha boca
Feito algodão-doce.
Deite
Que quero ouvir sua voz rouca
Adormecer em mim,

Bem aqui.

domingo, 24 de julho de 2011

Silencioso

Quero meu conjugado de volta.
Quero ouvir apenas o balanço da cadeira
Combinado ao uivo do vento.

As letras impressas
Me são mais confortáveis
Que aquelas convertidas em fonemas.

Gosto e desgosto dos encontros calados.
Não preciso de voz para falar a mim.
Percebo o nevoado, e tenho medo
Do que conheço e deixo de conhecer.

Quero solitar
Sem som de novela ou de música.
Quero repousar, mesmo que por uma hora,
Em minha própria companhia.

Odara

Demasiado cedo Odara acordava,
Numa hora que nem a Lua
Sabia se virava ou ficava.

Esperava cercada de névoa
Entre tantos e nenhum
Qualquer carona que a levasse
À sua tão desejada alvorada.

Espremida dentro de si, e tão pequena,
Odara observava a cansada Brasil
E sua megalomania.
Pelos seus olhos rasos, passava somente a melancolia
Que ninguém via.

"Precisas da rotina para sobreviver", diziam.
Mas Odara cansava-se até dos dias que ainda viriam.
E num salto solto
Sem olhar ao lado, ou para trás
Sobrou apenas a cor do luto nas unhas.

Odara,
Agora,
A que Deus dará?

domingo, 17 de julho de 2011

Óculos Escuros

Vejo festas sobre nada
Alimentando o silêncio.
Vejo a mesa vazia montada
Mantida para a lacuna de quem as usa.
Vejo aquele riso vadio
De quem sempre está sozinho,
Homens vagando pelo mundo
Seguindo a um outro
Pelo pavor de seguir a si mesmo.
Eu vejo a mim mesma disfarçada de palhaça
Enquanto ouço os risos de minha desgraça.
Vejo o fim anunciado
De um começo renovado.

Mas tenho medo do que não pode ser visto.

(E arrisco)

quarta-feira, 13 de julho de 2011

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Fogos

Terminarei, quem sabe, os dias
Com minha voz fraca
Falida?
Logo eu, que gosto de cantar
E falar - quando resolvo - de voz impostada?

Escrevo à mão,
É capaz que não consigas compreender:
Som sim e não
Explodindo algum céu em você.

Porém, meu prazer
É não ter mais um óculos.
E talvez seja mesmo a sina do poeta
Morrer pela própria letra.