quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Re-Canto

Escuto ao meu próprio coração
Ao descansar minha cabeça
Sob o peito seu.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Arcadismo


            A história humana através dos séculos e seus períodos é tristonhamente hilária. Enquanto estudava algumas das minhas folhas antigas de Literatura, me veio na cabeça – como um flash – toda a linha do tempo decadente e imbecil que foi construída desde a Antiguidade.
            Na Era da Filosofia e Ciência, pois foi realmente quando estas nasceram, as pessoas eram livres para pensar e criar o que quisessem, sem censura de qualquer coisa que fosse. E ainda lembro de um professor de física que tive, que dizia que na Grécia, os pensadores pensavam porque não tinham nada o que fazer. A tolice dele é tão graciosa que, indiretamente, disse que aprendeu e ensina nada – já que os primeiros professores eram estes gregos desocupados.
            Eis que a Idade Média chega, com todo o seu Cristianismo, vassalos e Senhores Feudais criando igrejas e dizendo que eram enviados por Deus. Afinal, de que outra maneira o povo lhe deveria obediência? E foi exatamente aí que o homem começou a falhar: quando religião interferiu na sua capacidade de pensar. E a Era Medieval dura até hoje! Nem sei dizer se é de forma mais branda, pois as pessoas sabem de tudo o que aconteceu e, mesmo assim, repetem a obediência ao discurso de algum “enviado” que diz: “quem faz o que quero, segue para o paraíso; quem desobedece, queima no inferno”. E o que é mesmo céu e inferno?
            O Iluminismo e sua Árcade buscavam o desligamento da religião para respostas mais cabíveis que simples palavras que alguém disse para conseguir escravos de forma fácil. E apostaram, finalmente, na idéia do “Carpe diem”. Afinal, ninguém escolhe a hora de morrer. Porém, não basta uns poucos acreditarem nessa idéia enquanto uns muitos continuam a marchar ovelhamente em busca de um céu inventado pelos homens, de um Deus e um diabo criados exclusivamente para manipulação de um povo, que hoje  usa como fuga, como uma maneira automática de livrar-se de responsabilidades. Um belo exemplo são os nossos queridos traficantes assassinos que, logo que entram para a cadeia, penteiam o cabelo, vestem roupas sociais que lhes tampam todo o corpo e aparecem com uma bíblia na mão. Deus curou! Aleluia! Aleluia, Senhor!
            Prefiro melindrar-me dessa Linha do Tempo fatídica a ter que ser curada por alguém para poder fazer tudo aquilo que quero e que não quero. Sou guiada por mim, sou minha pastora e minha ovelha, e assim que todos deviam ser. Pode parecer muita pretensão – e é – mas é exatamente como eu acredito que a humanidade deveria seguir.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Lacuna

Uma lacuna no tempo
faz os segundos parecerem
um milênio.

Com meu anjo amado,
as lacunas se preenchem tão rápido
quanto o Sol recém-nascido.

O que sobra agora em minuto,
falta ao seu lado.
Injusto!

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

A Vida é Uma Festa!


            Do dia 11 para o dia 12 de outubro, choveu, trovejou, relampejou e nasceu bonito o Sol, cercado de um azul bem forte e puro. Um dia perfeito para se fazer uma bagunça na praia, um churrasco ou simplesmente para juntar os amigos para uma (umas, na verdade) Itaipava bem gelada. Um feriado – um ótimo dia para uma festa!
            A vida é mesmo uma festa! E mesmo que não se tenha uma propriamente dita para ir, inventamos uma! É possível até a idéia de invadir a vida alheia para transforma-la numa comemoração sem fim. E nada como regar essa celebração toda com um bom vinho do amor... Afinal, é mesmo o amor que move a alegria. Amor pelos amigos, pela família, pela bagunça, pelo sorriso. E o amor - esse nunca morre. Uma vez colocado dentro do peito, permanecerá ali para sempre!
            É bom viajar! Ficar muito tempo num só lugar gera um tédio... É preciso movimento! E nesse carnaval da vida, isso foi só um bloco que passou. A viagem para o próximo bloco. E quando eu também chegar ao próximo bloco, sei que vai haver um sorriso me esperando de braços abertos, com Absolut numa mão, um maço de Carlton no bolso e uma festa infinita. Como sempre. Pena que cedo para mim foi o bastante, por algum motivo. Te amo!

Para Vargas, da sua eterna Toelho

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Volver

Eis que os sonhos não chegam
E os fantasmas explodem na TV
Para espantar o pouco sono que chegava cedo.

A Cinderella não sente muito medo
Ao perceber que contos de fada não são só o que se lê
E que as histórias não se anulam.

A tela explica que fantasmas existem quando neles acreditam.
Aparecem muito quando se coloca bastante a beber
E lá se foi o sono perdido...

Acorda e volta a dormir como um pedido,
Amanhece vendo o que pode e não pode entender
E percebe que é mais gostoso viver quando relaxam.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Pedra

Faltam livros para ler,
Palavras para digerir,
Informações para compartilhar...
Viver nessa Terra de Ninguém é complicado.

Quando a cabeça é de Pedra,
Difícil é saber o que dizer.
Preferi calar-me a viver no único estúdio conhecido.
Afinal, é engraçado como estúdios fazem
As mentiras parecerem bonitas.

E fugir do óbvio é tão insano
Quanto gostar da obviedade.

sábado, 11 de setembro de 2010

Morada das Palavras em Silêncio

            O dia começava tímido. O céu, de um azul puro e sol forte, não combinava com o frio que fazia. Logo se foi percebido que o dia seria construído de incansáveis e distintas leituras. Pena que não havia o silêncio necessário para tal missão...
            Há uns anos atrás, havia um pequeno apartamento onde podia-se encontrar um banheiro, uma varanda e um cômodo, onde estavam enfileirados em uma estante vários livros e, mais a frente, uma cadeira verde-musgo, grande, cheia de furos. E balançava, ainda que lhe faltasse uma perna de apoio. Este apartamento era o lugar sagrado dos sábados e domingos, especialmente sábados. E sábados frios e chuvosos. Na falta de alguma companhia humana, a comunicação com os livros era intensa. Podia-se terminar um, dois ou até mesmo três livros em um só dia. De forma alguma a solidão era sentida. Na verdade, talvez não houvesse companhia melhor naquela época. A introspecção era necessária, e deve ser necessária até hoje. Nunca deve deixar de ser, apesar da descoberta de outras necessidades, e desejos.
            A manhã mal nascia e o apartamento já se enchia da presença de uma só pessoa e seus livros que, uma vez escolhidos, eram retirados da estante e empilhados ao lado da grande cadeira. Por vezes, a cadeira era forrada com uma espécie de coberta para espantar o frio. A manhã tornava-se tarde, a tarde tornava-se noite... Quando a noite quase virava madrugada, os livros eram devolvidos à estante e a porta era trancada. O apartamento finalmente ficava vazio. Não por desgosto, mas por medo de alguns morcegos que adentravam-no para dormir. Um inquilino respeitava os horários do outro.
            O fim da noite de sábado (às vezes, de domingo) significavam o fim de um ciclo. Talvez fosse a melhor parte da semana. Quando não era preciso sorrir, fingir ou sair. Era o dia do deleite da leitura, da companhia sincera e da ausência da hipocrisia diária forçada.
            Os anos passaram, o apartamento deve ser usado de maneira diferente, e os morcegos devem continuar por lá quando ninguém vê. Porém, as memórias, a história, o crescimento compartilhados jamais serão esquecidos por aquelas paredes brancas e pelas estantes, hoje vazias.